quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Do lado de dentro!

Aqui ta tão escuro, alguém pode me ajudar, tentei pegar um atalho e acabei me perdendo e vim parar em um lugar onde nunca estive, frio, úmido e muito solitário, a porta ta bem ali, consigo vê-la está trancada e até sairia, mas não encontro as chaves, não lembro onde as coloquei, estou tão confuso, pois não faço ideia de como vim parar aqui, a porta cada vez fica mais longe, tem uma janela também, mas essa tem grades do lado de fora não posso pular. Os vizinhos parecem que se mudaram, ninguém me ouve, está um silêncio angustiante, nem mesmo o vento causa um ruído sequer. Que saudade daquele tempo, em que podia sentir o vento bagunçar meus cabelos. Que saudade... Volta e meia passam pessoas com muita pressa,  mas pareço invisível, ninguém retribui meus acenos, nem sequer um olá ou sorriso de canto de boca. Me sinto tão distante de todos, me vejo assim num paraíso solitário sem ninguém pra dividir nem uma estrela do céu. Mesmo estando aqui, não sei onde me encontrar, não lembro onde é o meu lugar, não lembro nem se eu já estive lá. Quem observa não percebe, quem toca não sente, de fora a fachada está bem cuidada, mas como que vão conhecer por dentro se ninguém consegue visitar o interior. Eu vejo uma luz pela fresta da cortina que fica na janela, ela que me lembra que os dias estão passando, uns passam que nem vejo, outros demoram uma eternidade e são esses em que eu me embriago e desfruto de uma amarga insatisfação e angústia de não saber a resposta pra nenhuma pergunta das inúmeras que me perturbam a cada instante sem descanso. Enfim. Já não sinto mais nada, já adormeci, assim vou levando, sem sentir, só vivendo. Sozinho nesse mundo que existe só na minha mente, nesse mundo que é só meu por mais que eu queira dividir com todos, sei que ninguém se interessaria, pois se tive que criar ele pra mim é porque não tinha lugar pra mim no mundo deles. Volta e meia eu os visito, é sempre agradável, mas nada que me ligue de verdade, tou sempre nessa de meio acordado. Um pé no sonho bom e outro na realidade paralelamente inversa. Minha existência não pode ser resumida, pois pra se resumir algo é preciso existir e refazendo o que quis dizer, não digo nada, pois existir é de mais pra alguém como eu... A luz continua apagada! (Por:Nojosa Neto.)